Géneros: comédia, infanto-juvenil
Uma dupla de narradores (imposta pelas regras da paridade) comentam uma bizarra história das suas infâncias, a qual acontece à nossa frente, e que envolve um estranho extraterrestre cuja missão afetará toda a humanidade.
2 Atos (6 + 8 cenas) | 7 Personagens (Narrador, Narradora, Fernando, Anita, Ser, Mãe, Pai) | 38 páginas
Os 2 narradores presentes em palco (homem e mulher) abrem a "guerra dos sexos", que é uma constante nesta peça, ao comentarem as peripécias que os seus "eus" crianças vão fazendo (Fernando e Anita) ao encontrarem o extraterrestre (Ser). A história desagua depois no 2º ato, em casa de Anita, onde os seus pais continuam a segurar equilíbrio de géneros que se impôs desde o início e cujos atos irão influenciar o futuro, ou melhor, o presente dos próprios narradores. Temas como a equidade de géneros, a dualidade (yin yang), a tecnologia que se apoderou das nossas vidas, o amor, a política e as alterações climáticas são abordados nesta inteligente comédia para todas as idades.
(...)
NARRADOR
(Admirado) Essa agora! Onde já se viu, ou ouviu, uma história com dois narradores?
NARRADORA
(Estupefacta) Ora essa, vê-se, e ouve-se, agora!
(O NARRADOR ri-se timidamente. A NARRADORA olha para ele com admiração.)
Onde está a graça?
NARRADOR
A ser verdade, os narradores deveriam surgir ao mesmo tempo. Mas não! E porquê? A menina chegou atrasada! (Dirigindo-se ao público masculino) Mulheres!
NARRADORA
Ai é? E o menino, nem se lembrava ao que vinha! Nem sequer, que esta história era nossa! Que memória de peixe! (Dirigindo-se ao público feminino) Homens!
(Pausa)
(Dirigindo-se a todo o público) Bom, como (Faz questão de realçar as palavras-chave) estávamos a dizer, vamos contar-vos a nossa história. Tudo começou quando éramos pequenos, e ele descobriu um ser muito estranho numa gruta. E... (Fica sem voz, continuando a “falar” sem som. Depois, gesticula para que o NARRADOR continue.)
NARRADOR
(Desamparado, tenta disfarçar) E... ficámos amigos... Ahm… (Um pouco preocupado, olha para a NARRADORA) Mas que raio te aconteceu? Ficaste sem voz?
NARRADORA
(Debate-se para recuperar a voz. Finalmente consegue.) Suponho que é a lei da paridade. Tal como nos debates políticos, temos o tempo de fala contado ao minuto!
NARRADOR
Uiii! (Pisca o olho ao público masculino) Aja algo de bom nisto!
NARRADORA
(Olha para ele com desconfiança) Ai é? Tu? Falares mais do que 5 minutos? (Riso seco) Onde está o teleponto? (Pisca o olho ao público feminino)
(...)
Género: comédia
As peripécias de uma startup tecnológica que ao mesmo tempo que desenvolve uma ideia para uma app tem de angariar clientes desinteressados, investidores pouco impressionados e colaboradores que, apesar de serem galardoados com contratos precários, exigem os benefícios de topo da indústria, como: café e pequeno-almoço gratuito, pingue-pongue e Playstation, carro e vales de ginásio.
1 Ato (12 cenas) | 8 Personagens (Tó Zé, Manel, Investidor 1, Investidor 2, Maggie, Lara, Pepe, Jony) | 47 páginas
Por mais incrível que possa parecer, este é o dia-a-dia de uma startup - uma pequena empresa acabadinha de ser fundada - que tem de remar contra a corrente a fim de evitar a falência. Nessa corrente estão investidores que só se impressionam com os números e cujas ideias podem levar ao fim da empresa; decisões de design e tecnologia que podem oscilar entre o extraordinário e o catastrófico; gestão de recursos humanos que, nos tempos que correm, exigem um sem número de "mimos" que não apenas o corriqueiro salário; e a penhora da carreira e da vida pessoal que pode incluir auferir o salário mínimo indefinidamente ou receber uma bolsa de investigação paga por fundos comunitários enquanto se trabalha 25 horas por dia. Trabalhar em "regime (saco-)cama quente", gastar todo o orçamento numa inscrição na WebSummit, refazer tudo por causa de um redesign ou fazer eventos corporativos enquanto há trabalho em atraso, são tudo coisas que podemos ver numa empresa da vida real e, certamente, veremos nesta peça!
(...)
CENA VIII
(Manel, Maggie, Tó Zé, Jony, Pepe, Lara)
(MANEL, que ostenta um bigode farfalhudo, toma café com MAGGIE. TÓ ZÉ trabalha concentrado frente ao computador no seu lugar. Atrás de si encontra-se uma secretária comprida encostada à parede com 3 cadeiras e respetivos computadores. JONY, PEPE e LARA estão no exterior, à porta.)
(A campainha toca.)
MANEL
(Com voz alta) Pessoal!? Devem ser eles! Bora conhecê-los?
(Abre a porta.)
(A música “Eye of the Tiger” toca.)
(Anunciando como se dum combate de boxe se tratasse) O nosso engenheiro da web, acabadinho de sair da faculdade, com 1 mês de experiência: Jony!
(JONY entra no escritório agradecendo os aplausos ao som da música. TÓ ZÉ e MAGGIE batem palmas. Depois senta-se numa das cadeiras.)
Com 4 meses de experiência profissional no Instituto de Novas Cenas da Web, com mãos de 6 Kgs, com um recorde de velocidade de 10 teclas por segundo, o nosso segundo engenheiro é o Pepe!
(PEPE entra no escritório, toca no chão e persigna-se como se entrasse num jogo de futebol; agradece os aplausos do público, “choca” nas mãos de MANEL e MAGGIE. Depois senta-se no seu lugar, ao lado de JONY.)
E por fim, a última adição à nossa equipa: com 2 anos de experiência no MacDonald’s, com licenciatura, atualmente a concluir o seu mestrado, com o website pessoal mais fofinho do mundo: Lara!
(MAGGIE cruza os braços muito desconfiada. LARA entra saudando o público apenas com a mão direita, como se da realeza se tratasse. Depois, senta-se no seu lugar ao lado de PEPE.)
Sejam muito bem-vindos!
(A música para.)
(TÓ ZÉ olha para trás, focando-se em LARA. PEPE e JONY olham para o lado, ficam admirados com LARA.)
Então? O que se passa rapazes?
(Ninguém reage. MAGGIE olha de lado para LARA, continuando desconfiada.)
Sim, é uma rapariga! Mais uma! Também há informáticas, pessoal, qual a admiração?
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Género: comédia
Todos os contos de encantar acabam bem, com o tradicional "e viveram felizes para sempre". Mas o que acontecerá depois? Será que, realmente, o príncipe e a princesa viveram felizes para sempre? E será que tudo o que é "encantado" é mesmo encantado?
1 Ato (13 cenas) | 6 Personagens (Príncipe, Princesa, Bruxa, Fada, Rainha, Narrador [não presente]) | 48 páginas
Uma desconstrução realista e crua das histórias de encantar com inúmeras referências aos contos infantis que todos conhecem e com todas as explicações plausíveis para os mistérios das fantasias neles presentes. Um casal de príncipes encantados que devem ter filhos de forma assexual (a fim de manter a história adequada ao público infantil), uma alegada bruxa que afinal é "má" porque a sua casa, feita de doces, é devorada por crianças, e uma fada encantada que encanta com um misterioso pó branco (bem como com o seu corpo), fazem parte da encrenca que decorre após o fim da história encantada oficial.
(...)
FADA
(Contente) Feito! Terão um casalinho de príncipinhos!
RAINHA
(Preocupada) A sério?? Vão dar-me dois netos de uma só vez?? Ó valha-me a fada-madre!
PRINCESA
Verdadeiramente, este reino é encantado, escolhemos nossos filhos!
PRÍNCIPE
Assim é, minha princesa, vivemos num sonho encantado!
FADA
(À parte, olhando para o céu, emocionada) Obrigado… os meus filhos serão reis! Este reino é mesmo encantado! Obrigado!
RAINHA
(À parte) Nunca vi filhos serem feitos tão depressa! Realmente, é um reino encantado!
PRINCESA
(Para todos) Vamos tirar um retrato de família!
PRÍNCIPE
(Assustado) Oh não, princesa, tende piedade! Eu não gosto de tirar retratos!
PRINCESA
Fazei-me a vontade, por favor, temos de assinalar este momento de egrégia felicidade de alguma forma! Um retrato de família seria o ideal!
FADA
Majestades, eu poderei tirar-vos um retrato, se assim, me permitirdes.
PRINCESA
Podeis? Assim seja!
FADA
Venho já!
(Retira-se para os bastidores, à direita, por momentos.)
PRÍNCIPE
A fada também sabe tirar retratos? Notável, elas sabem realmente fazer tudo!
PRINCESA
Deveras!
FADA
(Regressa à cena com um tripé, uma tela de pintura, uma paleta de madeira e um pincel.)
Majestades, disponde-vos, por favor.
(O PRÍNCIPE, a PRINCESA e a RAINHA juntam-se para o retrato em frente à janela, mantendo-se com ar neutro. À frente deles, a FADA dispõe os instrumentos de pintura para os pintar na tela. Depois, começa, lentamente e com cuidado, a desenhá-los.)
PRINCESA
(Tentando manter-se ao máximo imóvel) Agora só nos temos de manter assim durante algumas horas!
(...)
Gostou? Gostaria de encenar alguma destas peças? Ou simplesmente tem curiosidade em lê-las? Entre em contacto comigo!